segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ranços e avanços da globalização


         Uma das características marcantes do século XXI consiste na aglutinação dos valores culturais de várias comunidades no mundo, que parece que se tornou menor em decorrência da constante simbiose das tradições dos mais variados povos. Essa sensação está estritamente relacionada com o evidente avanço tecnológico e científico de suntuosas nações que se auto intitulam portadores do “progresso” e da “cultura”.

         Entretanto, o que alguns sociólogos e filósofos corriqueiramente se esquecem de debater são os aspectos negativos da globalização, pois seus efeitos considerados benéficos ultrapassam os prejuízos e degenerações provocadas pelo processo. A falta de uma distribuição equitativa das riquezas geradas pelas sociedades, é um dos problemas mais alarmante da atualidade. Estatísticas socioeconômicas apontam que o mundo é capaz de produzir todo o alimento que os habitantes necessitam, porém, a falta de uma distribuição alimentícia igualitária provoca a morte de várias pessoas por dia em decorrência da desnutrição súbita.


         Não devemos, partindo-se de uma análise conjuntural, apresentar tão-somente as objeções ao processo de globalização, uma vez que esse fenômeno também acarretou em melhorias significativas para a população. Basta ressaltar que o avanço científico proporcionou, principalmente concernente aos aspectos medicinais, melhorias suntuosas à sociedade. De uma perspectiva histórica, tais melhorias fizeram com que a estrutura funcional das comunidades se remodelasse de uma forma orgânica. Em outras palavras, a vida de milhões de pessoas mudou radicalmente com o avanço da globalização e as melhorias científicas.

         Devemos ressaltar que, sob a ótica antropológica, não estamos devidamente preparados para o convívio com comunidades de tradições culturais divergentes da nossa. Em outras palavras, temos muita dificuldade em aceitar as diferenças, os indivíduos com características distintas da nossa e com um protótipo de organização peculiar. Partindo-se dessa premissa, torna-se evidente que as inúmeras guerras que acontecem atualmente possuem uma motivação cultural, ou seja, a falta de aceitação dos valores inerentes aos povos tradicionalmente distintos provocam guerras e derramamento de sangue de civis inocentes.

         O Oriente médio, marcado pelas peculiaridades culturais, onde o Islamismo é a marca mais visível dessas peculiaridades, caracterizado pela contínua sistematização de conhecimentos dogmáticos e uma visão de mundo pragmaticamente distinta. Essa visão, comparada com os valores dos povos Ocidentais, evidenciando as disparidades entre as comunidades tradicionais, torna-se uma motivação para a eclosão de conflitos na região.

          Outra questão importante atualmente, que serve como comprovação das distinções concernentes entre as sociedades foi o acontecimento verificado no último dia 16. Uma jovem estudante, que morava na índia, sofreu um estupro coletivo, e seu namorado foi covardemente espancado. A explicação oferecida por um guru, líder espiritual da região, foi alvo de polêmica e contestações.

 

"Esta tragédia não teria acontecido se ela tivesse evocado o nome de Deus e caído sobre os pés de seus agressores. O erro não foi cometido apenas de um lado", disse o líder espiritual em vídeo publicado na internet.

(Folha de São Paulo 11 de janeiro de 2012).

 

         Essa questão é importante para avaliarmos as disparidades culturais entre as comunidades atualmente, onde a estrutura funcional e a maneira pela qual se organizam são completamente diferentes. Um fato encarado com perplexidade por determinadas comunidades e líderes políticos e religiosos, pode ser avaliado com naturalidade por outros. Entrementes, o que se verifica, analisando a forma pela qual a mídia retrata determinados assuntos, é que há uma imparcialidade na abordagem de questões importantes na interação de alguns fenômenos. O aspecto político e social é mascarado pelas belezas naturais e a “perfeição de uma sociedade imperfeita”, isto é, a realidade é modificada e completamente distorcida.

Por fim, historicamente dizendo, esse fenômeno serve para evidenciar as singularidades do processo conhecido por globalização, onde o conhecimento é circulado de uma forma intensa e dinâmica. Entretanto, torna-se verificável que não há uma preparação intelectual da maioria da população no sentido de aceitar as diferenças entre as sociedades, entre seus mecanismos de organização e sua estrutura orgânica.

 

 

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