Este
trabalho foi realizado objetivando demonstrar o desenvolvimento de um novo
pensamento religioso, que se opunham com os valores eclesiásticos impostos pela
Igreja Católica. Buscou-se elucidar os pressupostos essenciais que compunham o
conjunto de idéias que foram sistematizadas por João Calvino. Tendo como
objetivo primordial a rescisão definitiva com a instituição católica, e
procurando apresentar uma nova expressão do cristianismo, o sistema calvinista
reformulou a estrutura político-religiosa de Genebra, e posteriormente se
disseminou por vários países da Europa Ocidental.
Na
primeira parte do trabalho foram apresentados os motivos pelos quais a Igreja
Católica começou a sofrer sérias contestações, tanto no aspecto referente aos
seus dogmas e proposições filosóficas, quanto às atitudes e valores dos membros
que constituíam a cúpula eclesiástica.
Posteriormente
foram tratadas algumas questões com relação ao pensamento reformista de
Calvino, as suas motivações e os seus objetivos. Procurou-se salientar a sua
trajetória, destacando os momentos mais importantes no processo de
fundamentação teórica de suas doutrinas.
A
base do sistema calvinista foi a teoria
da predestinação, onde Calvino deixa transparecer que seu pensamento fora
influenciado pelas concepções de Santo Agostinho. Sem contar que também acabou
revitalizando as idéias de seu percussor Ulrico Zuínglio.
Na
parte final da obra, realizou-se uma abordagem sobre algumas diferenças básicas
entre o luteranismo e o calvinismo, ressaltando que em meio às alarmantes
dessemelhanças, ambos tinham um mesmo objetivo: reformular a estrutura da religião cristã. Contudo, o radicalismo
nas idéias de Calvino tornou-se perceptível no método que ele adotou no sentido
de se viabilizar os seus projetos, pois Genebra passou a ser considerada a
“Roma Protestante”.
Para
concluir, concretizou-se uma sucinta análise no sentido de delinear os aspectos
essenciais que nortearam a ação dos hunguenotes na cidade do Rio de Janeiro.
Procurou-se especialmente, discorrer acerca dos conflitos religiosos que se
estabeleceram na França, culminado em violentas perseguições e extermínio em
massa, como o episódio conhecido como a “Noite
de São Bartolomeu”.
Os movimentos de contestação à Igreja Católica
Antes de iniciarmos uma profunda análise das
atitudes e dos ideais defendidos por João Calvino, temos que refletir acerca da
conjuntura de fatores que culminaram numa tentativa de reformulação estrutural
da Igreja Católica. É importante ressalvar que a Instituição Católica desempenhava
uma autoridade expressiva em toda a Europa Ocidental, tornando-se a detentora
de um poder político, econômico, cultural e militar.
Esse
esplêndido poder conquistado pela Igreja Católica se perpassou e se fortaleceu
durante toda a Idade Média, agindo e modificando o pensamento do homem dessa
época, e interferindo incisivamente nos aspectos científico e filosófico da
sociedade. A Igreja visava articular mecanismos objetivando atender os seus
próprios interesses. Ela impregnava na coletividade uma explicação mística para
os acontecimentos naturais, reprimindo impetuosamente, por meio dos severos
tribunais eclesiásticos, as idéias que contrariavam as suas concepções.
No
entanto, o poder outrora exercido de uma forma absoluta pela Instituição Pontifícia,
a partir do século XVI começou a sofrer uma contestação mais impetuosa. Na
liderança do movimento reformista encontrava-se Martinho Lutero, que apontou criticamente os principais problemas
da Igreja. O argumento do monge alemão foi fundamentado nos abusos dos membros
da Igreja, na venda de indulgências,
na veneração incomensurável de relíquias
consideradas sagradas, na ignorância
de alguns clérigos, dentre outros.
Contudo,
vale salientar que o pensamento reformista de Lutero foi comumente influenciado
por alguns intelectuais dos séculos XV e XVII. Dentre eles podemos citar o
professor em Oxford João Wycliffe, que denunciou a corrupção do clero e desafiou
a autoridade da Igreja ao afirmar que qualquer um que tivesse fé poderia
conseguir a salvação. Outro percussor de Lutero foi o padre Jan Huss, que
pregava a obediência estrita às escrituras, e também denunciou a corrupção e o
luxo do clero.
As
idéias defendidas por Lutero acabaram saindo da Alemanha e penetrando em outros
países da Europa. No entanto, em cada região onde essas idéias foram
impulsionadas, onde uma série de conceitos acabou sendo congregada aos ideais
reformadores, gerando uma diversificação significativa no tocante à formação
específica que o movimento se formou.
João Calvino e suas concepções reformistas
João
Calvino nasceu em Nyon, na França em 1509, estudou artes liberais em Paris e
Orleáns, e letras e teologia em Bourges. Ao contrário do que ocorrera com
outros reformadores, não há indícios de que Calvino tenha exercido as funções
sacerdotais católicas, ou seja, jamais tenha sido ordenado padre, como ocorrera
com Lutero e outros. A educação de Calvino foi caracterizada pela onipresença
de princípios renascentistas.
A
adesão de Calvino aos ideais reformistas ocorreu entre 1533 e 1534. Com isso,
iniciou-se uma perseguição implacável ao intelectual francês, que se viu
obrigado a fugir para Genebra, onde começou a sua carreira de reformador.
Entretanto,
Calvino acabou envolvendo-se em conflitos com o governo local. Ele procurou
empregar em seus discursos as pregações de Zwinglio, que já possuía grande
aceitação da classe burguesa. Esse apoio da burguesia ocorreu em virtude do
completo rompimento do intelectual francês com a Igreja Católica, que reprimia
a busca por lucros, inibindo a ascensão econômica dos comerciantes e dos
grandes banqueiros.
Contudo,
com o passar do tempo, Calvino acabou provocando certos desentendimentos com
lideranças políticas locais, em decorrência, mormente, de seu posicionamento
radical perante as regras moralizadora que ele queria implantar na sociedade.
Essa questão foi discutida por Hilário Franco Jr., que procurou enfatizar a conduta autoritária de Calvino, que
provocou profundas transformações nos costumes do povo genebrino.
“Contudo, em pouco menos de dois menos ele
acabou sendo expulso devido à sua radical idade e brutalidade com quis impor
severos hábitos à população, proibindo jogos, festas, teatro e outras
festividades mundanas”.
No
entanto, Genebra ficou marcada pelo anarquismo após a saída de Calvino,
caracterizada por um sistema político e religioso totalmente devassado e um
intenso desequilíbrio das relações sociais. Por isso, o conselho administrativo
da cidade decidiu convidar o Calvino para elaborar um projeto visando
reorganizar a cidade. Então, a partir de 1541, o intelectual francês começou
articular um conjunto de idéias objetivando reformular não só a igreja de
Genebra, mas também as instituições que se aderiram ao calvinismo na França,
nos países baixos, na Escócia e na Alemanha do norte.
É
necessário salientar que as idéias de Calvino não foram autóctones, ou seja,
não foram originadas ou criadas por ele simplesmente. Calvino sofreu influência
de idealistas protestante anteriores a ele, e acabou adaptando-as e construindo
um ideal religioso distinto dos demais ou semelhante a alguns deles. Lutero,
Bucer, Farel, Zwiinglio dentre outros, foram homens que deram de alguma forma um
importante sustentáculo ás concepções de Calvino.
A
ação de João Calvino em Genebra ficou caracterizada pela sua incessante busca
pela organização de um governo teocrático. Com isso, o Estado articulou
diversas leis e ordenações procurando controlar e vigiar os costumes e os
valores tradicionais dos habitantes. Vale frisar que o governo liderado por
Calvino condenou arbitrariamente aqueles que tentassem violar as regras
outorgadas por ele. Portanto, o governo foi marcado pelo caráter teocrático,
sendo freqüentes os casos de perseguições, proibições e extremo moralismo. Autoritarismo em excesso foi cometido
por Calvino, enquanto este esteve como governante supremo de Genebra; líder
político e religioso, sem dissociação entre as duas categorias sociais.
Num
trecho do livro escrito por Edward Mcnall Burns, retratam de uma forma precisa,
os parâmetros conceituais e, mormente moralizadores peculiares à atuação de
Calvino na coordenação do governo de Genebra. Edward procurou discorrer acerca
dos órgãos que foram criados com a finalidade de controlar e regularizar a vida
e o comportamento dos habitantes genebrinos.
“Sob o
governo de Calvino, Genebra transformou-se numa oligarquia religiosa. A
autoridade suprema era exercida pela congregação do clero, que preparava todas
as leis e as submetia à aprovação do consistório. (...) A cidade foi dividida
em distritos e uma comissão do consistório visitava casa por casa, a intervalos
irregulares, a fim de investigar os hábitos dos moradores. Até as formas mais
inofensivas de frivolidade eram estritamente proibidas. Dançar, jogar cartas,
ir ao teatro, trabalhar ou divertirem-se no Dia do Senhor, tudo era punido como
crime”.
Teoria da predestinação
Em
1536, João Calvino publicou um livro chamado “Instituição da Religião Cristã”, onde procurou reafirmar as
doutrinas defendidas por Lutero e expor as suas concepções reformadoras. Nesse
livro, Calvino expressa a sua teologia e ressalta um ponto de fundamental relevância
para a sua doutrina: a teoria da
predestinação do homem. Vale ressalvar que as suas idéias se assemelham às
de Santo Agostinho, que concebia o universo sob a dependência absoluta de um
Deus onipotente, e que criou todas as coisas para a sua maior gloria.
Esse
aspecto da doutrina calvinista acabou rompendo como o ideário católico, uma vez
que colocava o homem como um Ser que já possuía um destino previamente
definido. Com isso, independente de suas atitudes no mundo terreno, o homem já
estava destinado à salvação eterna ou aos tormentos do inferno. Isso resultou
numa ampliação das possibilidades de ação do Ser Humano, uma vez que esse
inovador sistema religioso, propagava a idéia de valorização moral do trabalho
e da poupança, interferindo significativamente nos costumes tradicionais
materializados pelo catolicismo, que proibia a busca incessante por lucros.
Segundo os dogmas propostos pelo reformador francês, o alcance de riquezas
materiais pelo homem, era uma confirmação mística de que o indivíduo fora o
escolhido por Deus para entrar no paraíso e salvar-se da obscuridade das trevas
do inferno.
“Ele
não cria todos em uma mesma condição e estado; mas ordena uns à vida eterna e
outros a perpetua condenação. Portanto segundo o fim a que o homem é criado,
dizemos que está predestinado ou à vida ou à morte”.
Uma
burguesia sedenta por elementos que corroborassem a legitimidade de seus lucros
precisava ouvir de alguém o que ouviram de Calvino. Pois ele lhes deu tais
elementos que os legitimavam como bons cristãos e predestinados; escolhidos por
Deus, ao sucesso e salvação. Então a burguesia de Genebra não mais precisava
preocupar-se com as restrições impostas pelos clérigos católicos.
Portanto,
podemos afirmar que a reforma instituída por João Calvino possuía fortes ligações com a classe burguesa da Suíça, mais
especificamente Genebra; berço da reforma calvinista. Os ideais reformistas
propostos pelo Calvino acabaram saindo de Genebra e penetrando em outros países
como; a Holanda, a França, a Inglaterra e a Escócia.
Ao
analisarmos o conjunto de idéias elaboradas por Calvino, percebemos que elas se
interferiram em outras dimensões do conhecimento, ou seja, o pensamento
calvinista modificou e/ou instituiu uma nova visão sobre a realidade social.
Alterando importantes elementos políticos, econômicos e culturais, não se
restringindo somente à esfera religiosa.
A
partir do século XIX, o sistema capitalista acabou se consolidando definitivamente
nos quatro cantos do planeta, modificando de uma forma irrefutável as relações
sociais e o modo de produção. Diversos pensadores tentaram elaborar explicações
consistentes acerca da gênese de tal sistema. Contudo, foi um importante
sociólogo alemão que proferiu uma das mais célebres respostas para a questão. Max Weber defendeu a idéia de que as
pregações de Calvino foram importantes instrumentos que viabilizou a
concretização do sistema capitalista. Com a ética protestante, João Calvino acabou fornecendo subsídios
elementares para a legitimidade da procura incessante por lucros e a concepção
de naturalidade no tocante à noção de sucesso pessoal. De acordo com o
sociólogo, foi dessa forma que os devotos à nova fé passaram a investir nas
novas economias, sobretudo no comércio e na indústria têxtil, e também passaram
a fundar bancos. Lembrando que, de acordo como os dogmas calvinistas, as
benesses não mais seriam consideradas pecados, mas sim a comprovação de que Deus
os abençoou e que estavam predestinados á salvação desde o seu nascimento.
Importante
ressaltar que a forma de governo empreendida por Calvino era no princípio
moderno de teocracia: aliança clara
entre o poder político e religioso. Calvino governou arbitrariamente,
fundamentado em práticas de perseguições e proibições. Muitas vezes mataram-se
em nome de sua fé aqueles que se manifestavam contrários às suas convicções e
anseios.
Diferenças entre o luteranismo e calvinismo
Por serem movimentos de contestação aos dogmas
e tradições defendidas pela Igreja Católica, dá-se a entender que Lutero e
Calvino pensavam de uma maneira totalmente semelhante quanto às propostas de
renovação do ideário cristão. Entretanto, ao realizarmos uma profunda análise
sobre os dois reformadores, perceberemos muitos pontos diferentes entre as
concepções dogmáticas de ambos.
Primeiramente
notamos que Lutero atribuía maior valor
à orientação da consciência individual,
já o ditador de Genebra colocava acima de tudo a soberania da lei. Ou
seja, para João Calvino, os homens deviam seguir estritamente o conjunto de
princípios consubstanciados nas escrituras sagradas, que foram formuladas por
Deus.
Outro
aspecto desigual entre os dois movimentos reformistas é a questão da
predestinação defendida por Calvino, pois Lutero acreditava que o homem poderia
alcançar a salvação por intermédio da fé. Com isso, o ditador genebrino acabou
se associando, de uma forma mais íntima aos ideais capitalistas.
“(...)
o frade alemão havia conservado muitas características do culto romano e até
alguns dogmas católicos. Calvino rejeitou tudo que lhe cheirava à ‘papismo’. A
organização de sua igreja era de molde a excluir todos os traços do sistema
episcopal.”
Podemos
concluir, através das palavras proferidas por Edward Burns, que o movimento
desencadeado por Calvino seguiu preceitos, práticas e incorporou valores mais
radicais do que as proposições inferidas por Lutero. Percebe-se que o objetivo
primordial de Calvino foi romper contundentemente com as doutrinas católicas,
negando qualquer idéia que remetesse aos dogmas romanos. Comparadas às atitudes
do ditador genebrino, o posicionamento do monge alemão diante das tentativas em
se modificar o pensamento cristão, foi muito mais conservadora e conciliatória.
No
tocante às concepções políticas, Lutero
se posicionou favoravelmente à subordinação da Igreja ao Estado. Por outro lado, Calvino
defendeu a separação entre as duas instituições. Contudo, é importante advertir
que em Genebra a Igreja foi o próprio
Estado, se interferindo e modificando os valores e hábitos tradicionais dos
cidadãos, misturando incisivamente o poder místico e o poder temporal.
Por
fim, outra diferença entre os dois movimentos foi a consolidação de alianças
políticas. Enquanto que na Alemanha, Lutero
estabeleceu fortes ligações com a nobreza; em Genebra, Calvino materializou uma onipresente relação com a classe burguesa.
Importante ressaltar que ambos careciam de apoio para solidificar a reforma e,
consequentemente, programar novos valores culturais, que divergiam dos que
estavam estabelecidos.
Os calvinistas no Brasil
No
Brasil, tentou-se instalar uma colônia francesa para que os hunguenotes
perseguidos na metrópole pudessem encontrar um refúgio. Portanto, no século
XVI, os franceses invadiram o Rio de Janeiro e afirmaram acordos com algumas
tribos de nativos. Não obstante, vale esclarecer que tal empreendimento não foi
movido tão-somente por fatores religiosos, pois o elemento econômico também se
fez presente, uma vez que os franceses também estavam interessados na exploração
do pau-brasil.
O
principal pretexto pelo qual se criou a necessidade de erguer uma colônia no
continente americano, foi a incessante guerra
civil que sacudiu a França. Essa guerra foi travada por motivos religiosos,
pois o número de simpatizantes ao calvinismo aumentou consideravelmente,
gerando uma relação conflituosa com os católicos do país.
O
principal argumento dos católicos fora que os “heréticos” eram os anunciadores
do anticristo, e que por isso eles deveriam ser perseguidos. Existem diversos
relatos que retratam as perseguições e os massacres brutais que os hunguenotes
sofreram na França. Milhares de calvinistas foram executados sumariamente, e
depois abandonados sobre o esterco.
A
história da Reforma Calvinista é marcada pela intolerância religiosa; seja pelo
lado calvinista ou católico. Se Calvino, enquanto líder político-religioso de
Genebra perseguiu e matou os opositores ao seu governo; os hunguenotes também
foram perseguidos pelos católicos, fato que teve como conseqüência o massacre
conhecido como “A Noite de São
Bartolomeu”, que resultou em milhares de mortes de calvinistas na Paris e
arredores.
Por
isso, em decorrência dessa situação conflituosa, os expedicionários franceses
objetivaram criar um reduto seguro que pudesse abrigar os refugiados da França.
Esse local seria marcado pela tolerância religiosa e atuação exclusiva dos
hunguenotes. Então, estabeleceu-se uma aliança com os autóctones, e elaboraram
estratégias visando impor sua cultura e os seus costumes na terra conquistada. Criou-se
mecanismos objetivando fazer do Rio de Janeiro um local onde os elementos
peculiares das doutrinas calvinistas e, mormente, os hábitos tradicionais dos
franceses pudessem predominar pacificamente.
Contudo,
diversos fatores podem ser apontados para explicar o fracasso das colônias
francesas. Podemos atribuir esse insucesso às precárias condições nas quais os franceses promoveram o processo de
colonização. Sem contar que os recursos
humanos e materiais empregados no empreendimento foram escassos e, consequentemente insuficientes.
Encontramos
um trecho no livro de Gilberto Freyre, Casa-Grande e Senzala, que demonstra de
uma forma objetiva o resultado negativo da ação dos calvinistas franceses no
Brasil.
“(...) os calvinistas franceses que no século
XVI tentaram muitos anchos e triunfantes estabelecer no Brasil uma colônia
exclusivamente branca e daqui se retiraram sem deixar traços de sua ação
colonizadora”.
Portanto,
de acordo com o próprio Freyre, percebemos que os objetivos dos calvinistas não
foram realizados, uma vez que eles tinham a intenção de construir uma colônia,
cujas estruturas estivessem fundamentadas nos princípios consubstanciados da
doutrina difundida por João Calvino. Todos os elementos peculiares da ação
calvinista na chamada “França Antártica” foram barrados pelos portugueses
ávidos por defenderem os seus territórios contra os inimigos franceses. Enfim,
como conseqüência do confronto franco-lusitano, os hunguenotes acabaram sendo
expulsos do litoral brasileiro.
Conclusão
As
idéias de João Calvino ganharam adeptos em vários países da Europa Ocidental,
onde influenciou expressivamente o pensamento de milhares de pessoas. Provocou
uma reflexão acerca dos valores pré-estabelecidos pela Igreja Católica, que
incidiam no procedimento do homem europeu do século XVI, modificando o seu posicionamento
filosófico e empírico perante a sociedade na qual estava arraigado.
É
importante ressaltar que o apoio da classe burguesa às concepções Calvinistas,
foi de substancial relevância para que elas ganhassem a dimensão que ganhou,
provocando uma ruptura com o ideário vigente. É muito pertinente a ponderação
proposta por Max Weber, que atribui o fortalecimento do sistema capitalista às
conjecturas defendidas e propagadas por Calvino, concernentes, mormente à “ética protestante” e à “teoria da predestinação”, incentivando e
legitimando as atitudes dos burgueses.
Então,
é sensato afirmarmos que as doutrinas calvinistas estrapolaram a esfera
religiosa e se interferiram no campo político, econômico, cultural e social. Os
pressupostos primordiais da doutrina calvinista foram importantes para o
fortalecimento de um movimento que visava modificar a forma de se compreender a
religião cristã, alterando e modificando
certos valores considerados anormais e indignos.
Não entendi uns pontos:
ResponderExcluirEntão o carro chefe da inquisição não foi apenas a ICAR? E qual a relação entre a intolerância ao que os imbecis, jegues e tolos (católicos com 100% de moipia, estrabismo... da época) com o capitalismo que salvo engano tb foi citado no texto.
Sobre a podridão na ICAR, procure saber sobre o Papa Sorriso.
Aguardo respostas...