A principal preocupação de Locke em sua teoria do conhecimento foi
combater a doutrina difundida por Descarte, da existência de idéias inatas na
mente do homem. Para Locke a mente humana era como uma folha em branco que
receberia impressões através dos sentidos a partir das experiências do
indivíduo sem trazer consigo, do nascimento, quaisquer idéias como a extensão,
a perfeição e outras, como pretendia Descartes.
Em relação ás idéias de reflexão, segundo Locke, a mente não tem idéias
inatas, mas faculdades inatas: a mente percebe, lembra, e combina a idéia que
lhe chegam do exterior. Ela também deseja, delibera, e quer, e estas atividades
mentais são elas próprias a fonte de novas classes de idéias.
De acordo com Locke todas as idéias de reflexão caem nas seguintes
categorias:
·
Memória: a habilidade de chamar uma idéia ausente de
volta à consciência;
·
Retenção: a habilidade de manter um pensamento na
consciência;
·
Discernimento: a habilidade de reconhecer diferenças entre as
coisas;
·
Comparação: a habilidade de reconhecer as semelhanças
entre as coisas;
Locke concordava com a idéia de que o Estado deveria ser organizado a
partir do consenso (do acordo entre os cidadãos). Mas ele rejeitava a submissão
total do indivíduo ao Estado. No seu livro Segundo tratado sobre o governo
civil, Locke diz que os homens primitivos (de um passado distante) eram muito
inseguros. As famílias temiam que um bando inimigo roubasse os seus bens,
tomasse sua propriedade, escravizasse, matasse. Para se protegerem, os homens
primitivos haviam se unido em sociedade e estabeleceram um pacto para criar o
Estado. Segundo Locke, o Estado não existia por vontade de Deus (como gostavam
de afirmar os monarcas absolutistas), mas tinha sido construído pelos homens a
partir de um contrato. O Estado havia nascido para proteger a vida, a liberdade e a
propriedade dos indivíduos.
Podemos sintetizar os pensamentos de Locke
da seguinte forma: como o Estado tinha sido criado por um acordo entre os homens, então os
indivíduos tinham o direito de mudar de governo. Se o Estado fosse tirânico, os
cidadãos tinham o direito de se rebelar contra a opressão.
Locke é considerado o pai do liberalismo político. Para os liberais, o Estado não pode
sufocar as liberdades individuais. Ou seja, cada pessoa tem o direito de escolher suas próprias idéias
religiosas, políticas ou filosóficas, de falar em público e de escrever livros
e artigos de jornais defendendo suas convicções (liberdade de expressão), de
viajar para aonde quiser, de escolher a profissão que desejar.
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