Este
texto tem como objetivo esclarecer algumas dúvidas sobre a colonização
espanhola, complementando o texto publicado no blog no útimo dia 3 de julho (A América espanhola). Além disso,
visando preparar os alunos do 7º ano para a avaliação de história marcada para
o princípio do mês de julho, realizaremos uma análise sobre o processo de
colonização portuguesa.
Antes
de uma análise mais aprofundada sobre o assunto, vale frisar que os nativos da
América foram sumariamente exterminados pelos europeus. Em outras palavras, os
espanhóis e portugueses não respeitaram a identidade, os valores e a cultura
dos povos indígenas. Com isso, percebemos que os índios deixaram de lado suas
tradições e acabaram sendo incorporados pelos europeus. Basta lembrar que houve
um esforço muito grande por parte dos portugueses e espanhóis em converter os
nativos ao catolicismo.
“É justo e útil
que os índios sejam servos, e vemos que isso é sancionado pela própria lei
divina, pois está escrito no livro dos provérbios: ‘o tolo servirá aos sábios’.
Assim são as nações bárbaras e desumanas, estranhas à vida civil e aos costumes
pacíficos. E sempre será justo e de acordo com o direito natural que essas
pessoas sejam submetidas ao império de príncipes e nações mais cultas e
humanas, de modo que graças à virtude dos últimos e à prudência das suas leis,
eles abandonam a barbárie e se adaptam a uma vida mais virtuosa e humana.” (Juan
Ginés Sepúlveda. Direito e conquista na América Indígena: da conquista à
colonização).
No
que diz respeito à colonização portuguesa no Brasil, devemos frisar que o
produto que provocou o interesse nos europeus foi pau-brasil. Para retirar o produto, foi utilizada em larga escala a
mão-de-obra indígena. O nome dessa prática é conhecida por escambo, que consiste na troca de objetos de pouco valor para os
europeus pelo trabalho dos nativos. Isto é, os portugueses davam produtos de
pouco valor aos índios em troca da retirada da madeira na floresta. Vale ressaltar
que os indígenas não eram ingênuos e tolos como algumas pessoas afirmam. Na
verdade, eles não conheciam os objetos oferecidos pelos europeus, por isso é
que eles ficavam admirados com aquelas mercadorias.
Contudo, os portugueses descobriram que os nativos não estavam devidamente capacitados para exercerem as atividades que eles queriam. A solução encontrada pelos europeus foi buscar os negros africanos. Então, a partir do século XVII, a escravização dos povos africanos se tornou um mercado muito lucrativo para os traficantes que estavam a serviço de Portugal. Os negros eram capturados nas expedições financiadas pelos portugueses e trazidos para o Brasil. Outra prática comum dos mercadores de escravos era estabelecer alianças com os líderes africanos, pois isso facilitaria a prisão e a compra dos presos que seriam transportados para a América.
Vale
ressaltar que o conceito e o sentido da escravidão eram diferentes entre os
povos africanos e europeus. Para os povos e tribos da África, os escravos eram
levados ao ritual de antropofagia (a
prática de comer carne humana). Já para os portugueses e espanhóis, o mercado
de escravos era apenas uma fonte de obtenção de lucros. Com isso, milhões de
homens e mulheres foram arrancados de suas raízes e morreram nas longas viagens
financiadas pelos europeus. Ao chegarem ao Brasil, esses escravos eram
submetidos a um tratamento cruel e desumano, sofrendo uma série de humilhações
e descaso por parte dos colonizadores.
Objetivando
concretizar a colonização, os portugueses criaram uma série de medidas no
sentido de controlar rigidamente as riquezas geradas no país. A ideia principal
dos europeus era simplesmente retirar as riquezas contidas na colônia. Para
realizar uma administração mais eficiente, o governo português decidiu criar as
Capitanias Hereditárias, que foi a
transferência a particulares o direito de controlar grandes faixas de terras
pertencentes ao domínio português. Em outras palavras, o rei de Portugal
concedeu a posse de enormes porções de terras a pessoas de sua extrema
confiança. (O nome do documento que dava aos donatários o direito de colonizar
as terras era chamado de carta de doação).
Com isso, cada capitania seria comandada pelo donatário, e transmitia aos seus
herdeiros o controle sobre as terras que administravam.
Todavia,
com exceção das capitanias de São
Vicente e Pernambuco, que obtiveram sucesso com o cultivo da
cana-de-açúcar, todas as demais fracassaram. Esse fracasso ocorreu por causa da
falta de experiência dos donatários e dos frequentes ataques dos indígenas, que
se sentiam prejudicados pelas ações da Coroa Portuguesa. Com isso, o governo
decidiu criar a forma de governo conhecido como Governo Geral, que objetivava estabelecer uma centralização
política e administrativa. O governador, homem de confiança do rei, tinha a
obrigação de realizar uma boa administração em nome de Portugal. Tomé de Souza, o primeiro governador
geral, chegou ao Brasil junto com os jesuítas, funcionários reais, soldados,
artesãos, etc. A intenção era centralizar as decisões administrativas da
colônia.
No
lado político, as decisões eram tomadas pelas Câmaras Municipais, responsáveis pelo governo das vilas e cidades.
Contudo, os membros das Câmaras eram os chamados “Homens-bons” (proprietários de terras e de escravos, que eram os
portugueses ou seus descendentes). A população da colônia estava impedida de
participar das decisões políticas da cidade. Portanto, o comando das vilas e
comunidades estava nas mãos das pessoas mais ricas da colônia, que procuravam
somente atender seus interesses e do rei de Portugal.
Enfim,
podemos ressaltar que os portugueses e espanhóis criaram um sofisticado
aparelho administrativo para controlar as riquezas geradas no país. E isso
repercute até hoje na formação política, social e econômica da sociedade. Ou
seja, se hoje não somos tão desenvolvidos financeiramente, é em decorrência da
nossa história, marcada pela exploração e controle absoluto das fontes de
riquezas do nosso país por parte dos portugueses. Além disso, outra marca
negativa da colonização lusa, foi a questão dos indígenas, que acabaram sendo
massacrados pelos europeus, tanto física quanto culturalmente, pois as
comunidades nativas atualmente acabaram perdendo sua identidade, suas tradições
e seus costumes mais convencionais.
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