Antes
de uma análise mais aprofundada sobre o assunto, vale frisar que os nativos da
América foram sumariamente exterminados pelos europeus. Em outras palavras, os
espanhóis e portugueses não respeitaram a identidade, os valores e a cultura
dos povos indígenas. Com isso, percebemos que os índios deixaram de lado suas
tradições e acabaram sendo incorporados pelos europeus. Basta lembrar que houve
um esforço muito grande por parte dos portugueses e espanhóis em converter os
nativos ao catolicismo.
“É justo e útil
que os índios sejam servos, e vemos que isso é sancionado pela própria lei
divina, pois está escrito no livro dos provérbios: ‘o tolo servirá aos sábios’.
Assim são as nações bárbaras e desumanas, estranhas à vida civil e aos costumes
pacíficos. E sempre será justo e de acordo com o direito natural que essas
pessoas sejam submetidas ao império de príncipes e nações mais cultas e
humanas, de modo que graças à virtude dos últimos e à prudência das suas leis,
eles abandonam a barbárie e se adaptam a uma vida mais virtuosa e humana.” (Juan
Ginés Sepúlveda. Direito e conquista na América Indígena: da conquista à
colonização).
No
que diz respeito à colonização portuguesa no Brasil, devemos frisar que o
produto que provocou o interesse nos europeus foi pau-brasil. Para retirar o produto, foi utilizada em larga escala a
mão-de-obra indígena. O nome dessa prática é conhecida por escambo, que consiste na troca de objetos de pouco valor para os
europeus pelo trabalho dos nativos. Isto é, os portugueses davam produtos de
pouco valor aos índios em troca da retirada da madeira na floresta. Vale ressaltar
que os indígenas não eram ingênuos e tolos como algumas pessoas afirmam. Na
verdade, eles não conheciam os objetos oferecidos pelos europeus, por isso é
que eles ficavam admirados com aquelas mercadorias.
Vale
ressaltar que o conceito e o sentido da escravidão eram diferentes entre os
povos africanos e europeus. Para os povos e tribos da África, os escravos eram
levados ao ritual de antropofagia (a
prática de comer carne humana). Já para os portugueses e espanhóis, o mercado
de escravos era apenas uma fonte de obtenção de lucros. Com isso, milhões de
homens e mulheres foram arrancados de suas raízes e morreram nas longas viagens
financiadas pelos europeus. Ao chegarem ao Brasil, esses escravos eram
submetidos a um tratamento cruel e desumano, sofrendo uma série de humilhações
e descaso por parte dos colonizadores.
Objetivando
concretizar a colonização, os portugueses criaram uma série de medidas no
sentido de controlar rigidamente as riquezas geradas no país. A ideia principal
dos europeus era simplesmente retirar as riquezas contidas na colônia. Para
realizar uma administração mais eficiente, o governo português decidiu criar as
Capitanias Hereditárias, que foi a
transferência a particulares o direito de controlar grandes faixas de terras
pertencentes ao domínio português. Em outras palavras, o rei de Portugal
concedeu a posse de enormes porções de terras a pessoas de sua extrema
confiança. (O nome do documento que dava aos donatários o direito de colonizar
as terras era chamado de carta de doação).
Com isso, cada capitania seria comandada pelo donatário, e transmitia aos seus
herdeiros o controle sobre as terras que administravam.
No
lado político, as decisões eram tomadas pelas Câmaras Municipais, responsáveis pelo governo das vilas e cidades.
Contudo, os membros das Câmaras eram os chamados “Homens-bons” (proprietários de terras e de escravos, que eram os
portugueses ou seus descendentes). A população da colônia estava impedida de
participar das decisões políticas da cidade. Portanto, o comando das vilas e
comunidades estava nas mãos das pessoas mais ricas da colônia, que procuravam
somente atender seus interesses e do rei de Portugal.
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