Este
texto tem como objetivo norteador esclarecer algumas dúvidas levantadas na sala
de aula (turma 8º ano A, da E. E. Profª Dinalva Maria de Souza) sobre questões
importantes acerca da vida e da política do general e imperador francês Napoleão Bonaparte. Realizaremos uma
reflexão no que diz respeito à repercussão das ações de Bonaparte na colônia
brasileira. Como Napoleão mudará o destino do nosso país.
A
França, a partir do século XVIII, passava por uma série de transformações
sociais, políticas e econômicas. Os
Jacobinos, os políticos que defendiam mudanças mais radicais no país, se
chocaram com as ideias defendidas pelos
Girondinos, que procuravam apenas manter os privilégios já conquistados. Em
abril de 1793, foi criado o Comitê de
Salvação Pública, que tinha o objetivo de manter a segurança interna da
França. Com isso, quem contestasse o poder dos Jacobinos seria sumariamente
executado na guilhotina. Foi o período conhecido como “O Grande Terror”.
Contudo,
os Girondinos articularam um golpe para retirar os Jacobinos do poder. Esse
golpe recebeu o nome de “a reação
termidoriana”. O novo governo passou a perseguir seus opositores jacobinos
de uma maneira implacável, matando seu líder Robespierre. Vale ressaltar que os Girondinos não propunham ação no
sentido de reverter a situação do povo, marcada pela miséria, descaso e
pobreza. Na verdade, os Girondinos foram
incapazes de solucionar os problemas econômicos da França.
“Ontem, 28 de julho de
1794, Robespierre, Couthon, Saint-Just e outros líderes do Terror foram
guilhotinados. A multidão presente gritava palavrões aos condenados.
Robespierre, o maior líder jacobino, foi o último a ser decapitado. Até ontem
era o homem mais forte da França. De manhã fez um violento discurso contra
convencionais suspeitos de traição, de conspirarem contra a revoluçao. Em meio
ao discurso, surgiram gritos de ‘morte ao tirano’, seguindo-se tumulto
organizado, no qual robespierre e seus amigos foram presos. Robespierre, ferido
e com a roupa ensanguentada, foi encarcerado na Junta de Segurança Geral. Na
manhã de hoje, sumariamente julgado com 22 companheiros, foi condenado à
guilhotina. Com a queda de Robespierre, termina a Fase do Terror e inicia-se o
governo Termidoriano”.
Jonal da história. Livro de História Geral. 2002.
Com
isso, apoiado pelos burgueses e setores de destaque da sociedade francesa,
entra em cena a figura do jovem general Napoleão
Bonaparte. Napoleão aplicou um golpe de Estado e assumiu o poder na França.
(Esse golpe recebeu o nome de 18
Brumário). O novo governo propunha a completa destruição dos traços do Antigo Regime, onde o rei concentrava todo o poder em suas mãos. Em menos
de 5 anos Napoleão concentrou o poder na sua figura, deixando de seguir os
princípios iluministas de distribuição dos poderes.
Uma
das realizações mais importante de Bonaparte foi a criação do Código Civil Napoleônico, que garantia
a igualdade dos franceses perante a lei. Além disso, esse código propunha o
confisco das terras da nobreza de origem feudal. Visando organizar as finanças
do país, o imperador criou o Banco da
França, que objetivava reoganizar a arrecadação dos impostos, a construção
de estradas e pontes e melhoria dos serviços prestados à população.
Já no plano externo,
Napoleão procurou expandir os ideais da revolução. Além disso, o imperador
objetivava aumentar as suas possessões na Europa. Com isso, vários países
acabaram sendo dominados pelo implacável e invencível exército de Bonaparte.
Todavia, o único país que Napoleão não conseguia dominar era a Inglaterra,
isolada pelo mar e protegida por uma poderosa frota marítima. Isso se tornou
evidente na Batalha de Trafalgar,
onde os franceses acabaram perdendo para a marinha inglesa.
A solução encontrada pelo
imperador francês foi tentar bloquear as transações comerciais da Inglaterra. A
ideia era impedir que os ingleses comercializassem com os países da Europa,
entrando, dessa forma, em colapso econômico. Em outras palavras, Napoleão queria,
através do decreto do Bloqueio
Continental, que a Inglaterra ficasse fragilizada. Isso facilitaria a sua
derrota na guerra. Com isso, Bonaparte ameaçou invadir os países que
mantivessem relações comerciais com os ingleses.
Isso criou uma série de
problemas para a maioria dos países da Europa, que dependiam do comércio com a
Inglaterra. Em 1811, os russos romperam com o bloqueio, iniciando a guerra
contra os franceses. Os exércitos de Napoleão, no início, não encontraram
dificuldades e avançaram sem resistência. Porém, encontravam tudo destruído
pelo caminho, como as casas, as plantações, a agricultura, etc. Isso dificultou
o abastecimento das tropas francesas, enfraquecendo o poder dos soldados
napoleônicos. O desastre foi total. Castigados pelo frio e sem alimentação, as
forças francesas foram aniquiladas. Dos cerca de 600 mil soldados que invadiram
a Rússia, menos de 60 mil retornaram à França.
Derrotado sem apoio,
Napoleão saiu do comando do país e foi exilado na Ilha de Elba. Com isso, assumiu o governo o irmão de Luís XVI, Luís
XVIII, da dinastia Bourbons. Contudo, consciente da insatisfação da população,
Napoleão fugiu do exílio e conseguiu tomar o poder novamente na França. Porém
seu governo durou apenas 100 dias (O
Governo dos Cem Dias), uma vez que, Russia, Áustria, Prússia e Inglaterra
uniram-se contra o imperador. Em julho de 1815, Napoleão foi derrotado mais uma
vez, agora na batalha de Wlaterloo,
na Bélgica. Bonaparte foi encaminhado à Ilha de Santa Helena, sob forte vigilância dos Ingleses. Lá permaneceu até
sua morte em 1821.
Um dos acontecimentos
mais importantes nesse período foi a formação do Congresso de Viena. Nesse congresso, importantes países como a
Rússia, Inglaterra, Prússia, Àustria, entre outros, procuravam retornar às
configurações anteriores, ou seja, queria que seus países fossem governados
pelo regime de concentração do poder nas mãos do rei. (Antigo Regime). Além disso, procuravam reorganizar as fronteiras
de seus países que tinham sofrido modificações com as invasões do exército de
Napoleão.
Em Viena, os
representantes dos países envolvidos criaram um pacto militar conhecido como Santa Aliança. Esse pacto assegurava o
direito de invasão aos países que se sentirem ameaçados pelas revoltas
inspiradas nas ideias de Bonaparte. O objetivo era acabar com qualquer
movimento revolucionário na Europa.
Uma das questões mais importantes do
século XIX, e que provocou uma série de modificações nas relações de poder foi
a transferência da Corte Portuguesa para
o Brasil. Vale ressaltar que o Bloqueio Continental esteve relacionado com
essa transferência, pois Portugal não poderia respeitar as ordens de Napoleão,
uma vez que tinha ligações comerciais com a Inglaterra. Procurando evitar a
invasão do exército francês, D. João VI, juntamente com sua corte, decidiu
mudar-se para o Brasil.
Vale
enfatizar que o século XVII no Brasil ficou marcado pelos movimentos de
contestação à ordem estabelecida pelos portugueses. O mais famoso foi o
liderado por Joaquim José da Silva
Xavier, (mais conhecido por Tiradentes).
Esse movimento, conhecido como Inconfidência
Mineira, procurava acabar com a exploração da metrópole portuguesa sobre a
colônia. A motivação foi o decreto da derrama,
a cobrança forçada dos impostos. Porém, antes que os revolucionários
concretizassem seus planos, o coronel Joaquim
Silvério dos Reis delatou as pretenções dos insurgentes. Com isso, a coroa
portuguesa conseguiu acabar com a revolta antes que os conspiradores colocassem
em prática seus projetos. Por fim, todos os envolvidos foram condenados à morte,
porém, o único que realmente acabou morrendo foi Tiradentes, que teve sua
cabeça decepada e seu corpo esquartejado. Tudo isso aconteceu em praça pública
para servir de exemplo aos demais moradores da colônia. Em outras palavras,
quem ameaçasse o poder do rei de Portugal poderia acabar da mesma forma que
Tiradentes.
Quando
a Corte Portuguesa chegou ao Brasil, o Rio de Janeiro era uma cidade repleta de
lixo, ruas despavimentadas, cheia de doenças venéreas, ou seja, não tinha
estrutura para abrigar a sede da Coroa. Com o objetivo de melhorar o local, D.
João decidiu adotar algumas medidas no sentido de melhorar o espaço em que
estavam. Com isso, a primeira medida do imperador foi decretar a abertura dos porto às nações amigas.
Isso possibilitou a colônia comercializar com outros países. (Esse país, nesse
primeiro momento, se restringiu à Inglaterra). Foi o que chamamos de fim do monopólio comercial, ou seja,
Portugal não controlaria de uma maneira absoluta o comércio com o Brasil.
Vale
enfatizar que alguns investimentos foram feitos no Brasil por parte de D. João.
Um desses investimentos foi a criação do Banco
do Brasil, que reorganizou a
arrecadação dos impostos e os investimentos públicos nos setores sociais mais
importantes do país. Além disso, a partir de 1808, o imperador autorizou a
instalação de fábricas no Brasil, favorecendo para o avanço industrial da
colônia.
Olhando-se
para o aspecto cultural, a Corte Portuguesa criou o jarbim botânico e a bilbioteca
real no Brasil. Além disso, a Missão
Francesa também iniciou seus trabalhos na colônia, buscando satisfazer os
interesses da elite colonial. Em outras palavras, não existia a preocupação,
por parte da Coroa Portuguesa, em solucionar os problemas das camadas sociais
mais desfavorecidas economicamente.
Outro
aspecto digno de destaque verificado na transferência da Corte para o Brasil
foi a devoção do povo perante os membros da família real. O exemplo disso foi a
questão do ritual conhecido como “beija
mão”, onde a população fazia fila em frente ao palácio do imperador,
esperando a sua vez de beijar a mão de D. João. Todavia, uma das posturas que
mais valorizo nos estudantes que gostam de história é a imparcialidade. Para
nós que vivemos no século XXI, um ritual de devoção a uma pessoa como ocorreu
com D. João é algo que não faz parte da nossa cultura. Porém, naquele momento,
naquela conjuntura, D. João era a pessoa mais importante da colônia, e, por
isso, merecia toda aquela grandeza e admiração.
Entretanto,
o acontecimento mais importante para o Brasil foi sua elevação à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves. Com
isso, o Brasil se igualava à metrópole em direitos. Ou seja, a partir daquele
momento o Brasil teria os mesmos benefícios que a metrópole portuguesa. Em
outras palavras, a colônia ganharia mais autonomia administrativa e poderia
alcançar um desenvolvimento mais signficativo.
Por
fim, podemos afirmar que a vinda da família real para o Brasil foi o primeiro
passo do Brasil a caminho da independência política. Em outras palavras, as ações
de D. João no país provocaram certa liberdade perante a postura opressora de
Portugal. Sem contar que o imperador português conseguiu manter a unidade
territorial da colônia, ou seja, se o nosso país não se dividiu como o
território colonizado pela Espanha foi por causa da política adotada pela Coroa
Portuguesa no país.
Um
grande abraço a todos, bons estudos e boa prova.
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